quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Genericamente…

Senhor doutor
Tenho uma dor
Quando me dá, quase perco o juízo
Receite-me algo, que eu bem preciso!
Ora essa amigo Alfredo!
Não vai morrer! Não tenha medo!
Vou receitar-lhe um medicamento
Que é topo de gama, neste momento!
Mas quando aviar o receituário
Não vá na treta do boticário!

Boa tarde senhora farmacêutica
Venda-me aqui esta terapêutica
Respeite a vontade do meu médico
Dê-me do mais caro, não quero genérico!
Esses doutores são uns “lérias”
Só pensam em Congressos de férias!
Leve este que é baratinho
E até pode tomá-lo com um copinho!
Nem me diga semelhante tal…
Já nem me sinto tão mal!
E não há nenhum ainda mais barato
Que também me ponha apto?
Há sim senhor, mas é muito fraquinho!
E tem que ser tomado “sozinho”!
Desse não quero, não!
Pode fazer-me mal ao coração!
Traga lá desse, que se lixe!
Barato… é fixe!
Eu só não quero morrer!
E o médico nem precisa de saber!

Como estás ó Joaquim?
Venho ali do botequim
Fui lá com uma receitazinha
E aviaram-me outra, mais baratinha!
Santa Madre padroeira…
Não será uma rasteira?
Cheira-me a mais uma aldrabice
Igual às muitas que o Passos disse!
Todos querem é … prendas e passeios
E estão-se nas tintas para os nossos anseios!
Férias, descontos, congressos, colóquios…
Temos que estar atentos aos pinóquios!

Andam larápios e cães de vila
A lixar-nos à má fila!
Insensíveis aos nossos ais
Só querem ganhar cada vez mais!
E nós quedos, mudos e moucos
Vamos sucumbindo aos poucos!
Genericamente,
A gente sente
Que Portugal está doente!

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