quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Os (modernos) caça níqueis

O que se passa nas nossas televisões e rádios com aquele conto do vigário autorizado (suponho eu) que “ilude” as pessoas a telefonar para um determinado número (chamadas de valor acrescentado) para poderem ganhar “uma pipa de euros” em nota, em viagens, em fins de semana, nisto ou naquilo… é antes de mais a prova irrefutável que vivemos num País que em muitos aspectos se caracteriza por um terceiro mundismo arrepiante.
Não é difícil de prever a quantidade de incautos (crianças, jovens e de todas as idades) que, com o telefone ou telemóvel ali à mão, não resistem à tentação de ganhar um dinheirinho fácil, que dá sempre jeito, principalmente aos mais necessitados, que me parecem ser a maior parte das vítimas deste “conto do vigário”!
Não vou aqui enumerar o rol de programas televisivos e da rádio que utilizam esta artimanha, nem o nome dos energúmenos que se disponibilizam para, através de sorrisos, poses e todo o tipo de “truques”, convencerem as vítimas, mas não resisto a fazer um breve relato do que ouvi, num programa da rádio renascença.
Tratava-se de uma viagem de sonho à Tailândia (salvo erro) que seria ganha pelo ouvinte que fizesse a chamada nº 100, depois de responder acertadamente a uma questão que lhe seria posta… Algum tempo decorrido foi posto no ar o autor da chamada nº 100 e a questão era só (!!! ) acertar numa série de cinco algarismos de zero a nove!!! Com uma voz que deixava transparecer nervosismo e muita vontade de acertar, o “pobre senhor” lá foi dizendo os algarismos, mas, claro, errou. Como consolação recebeu a informação que era um número superior, sendo convidado a telefonar de novo, para tentar acertar na próxima chamada nº 100 e ter mais possibilidades de acertar, pois já sabia que o número formado pelos cinco algarismos, era superior ao que tinha palpitado antes. Evidentemente que esta “preciosa “ informação motivou outros ouvintes que, tal como ele, não fazem a mínima ideia do que é acertar numa série de cinco algarismos… e a “vermelhinha” continuou de vento em popa… (digo eu, porque mudei de estação)
Na TV a “coisa” é ainda mais escandalosa, com aquelas “bichonas prostituídas ao facilitismo e à leviandade”, especialistas em marketing de imagem, a darem o melhor de si para convencerem os menos atentos a ir aos gambozinos…
Será que podemos chamar “roubo” a esta actividade ou temos que chamar-lhe “jogo” devidamente autorizado?
Os senhores governantes andam cegos, ou será que há peixe graúdo a beneficiar com este “negócio”?
E já agora, alguém me diz quem tem acesso à maneira como são encontrados os “sortudos” para entrar em directo e pularem de contentes com o pouco ou muito dinheiro que ganham? Será que não são amigos ou familiares dos donos da “burla”?
Ai Portugal, Portugal… não é (só) de dinheiro que estás mal! Tu não merecias estas mentes doentias!

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