terça-feira, 25 de janeiro de 2011

E quando as moscas partirem…

Acabou a campanha presidencial. Já se prepara a máquina para as legislativas, mas pelo menos deixámos de ser obrigados a ouvir aquele chorrilho de acusações mútuas dos candidatos que, se calhar, são verdade, mas que não passam de inutilidades sem qualquer consequência, neste nosso mui célere e digno sistema judicial, cujo funcionamento ultrapassa a minha capacidade compreensiva.
Eufóricos, alegres ou tristes, aos portugueses só resta uma “esperança”: Até data a definir serão cada vez mais os que vivem abaixo do limiar da pobreza, os pobres e os muito ricos e para lá da inevitabilidade da morte, não há outras certezas em Portugal. A instabilidade assentou arraiais… o regabofe continua, os compadrios são o que se sabe, o fausto, o desperdício e o despesismo não param. Prevê-se que as moscas vão mudar, mas a “tal” continua a ser a mesma!

Os nossos líderes e decisores políticos actuais continuam a a não conseguir entender-se, à excepção de quando se trata de lixar os mais fracos. Relativamente a tomadas de posição para sairmos da crise e recuperar a nossa depauperada economia, apenas conhecem os cortes salariais e redução dos direitos de quem trabalha ou trabalhou.
Seria bom que esses novos-ricos, aburguesados e gastadores (que mesmo que alguma vez venham a ser eleitos apenas por 10% dos eleitores, hão-de continuar a reclamar legitimidade) assumissem as suas responsabilidades. Deviam colocar-se ao serviço do País, mas em vez disso continuam no seu pedestal a insultar-nos com as suas mentiras, a sua preguiça e incompetência e a sua arrogância sem limites.

A vitória de Cavaco Silva provocou, certamente, nos seus apoiantes, que trabalham para granjear o seu sustento, a sensação que as coisas irão mudar para melhor (ou no mínimo não piorar), mas não tardará que esse sentimento termine, a avaliar por um conjunto de medidas que se anunciam, designadamente a nível laboral.
Para alguns “patrões” (empresários há poucos, para além de Rui Nabeiro, a quem presto homenagem) não importa que pessoas que trabalharam árdua e fielmente uma vida inteiro ao seu serviço, tenham sempre recebido ordenados de miséria, comparados com os de outros países europeus que são o seu “modelo”… O que eles querem, agora que estão de bolsinho cheio, é poder despedi-los sem pagar ou pagar quase nada!
É evidente que um patrão não deve ficar pobre para ficarem ricos os que para si trabalham, mas também não deve viver como um nababo à custa da miséria de quem para si dedicadamente trabalhou. Dentro das suas possibilidades deve apoiá-los e não escorraçá-los como vejo fazer a alguns.

Todos sabemos que os tempos são difíceis e por isso é que cada um deve assumir o seu papel e dar o seu contributo. É urgente falar verdade, dar o exemplo e não brincar com coisas sérias. Infelizmente “disso” vemos pouco… Muitos são os que vêem e denunciam o cisco no olho do vizinho, mas ninguém é julgado e muito menos vai para detrás das grades, por mais “aparentes evidências” que revelem os seus actos.
Desrespeito e impunidade competem com cumprimento do dever e seriedade, mas com motores mais potentes!
A última verdade de que me lembro foi a famosa “gaffe do país mais pobre”, o último bom exemplo que recordo foi aquele “jamais”(en français) e quanto a coisas sérias ocorre-me aquele “porreiro, pá!”
Como mentira ainda recente refiro aquela do aumento dos juros da dívida se houvesse 2ª volta e aqueloutra da injustiça dos cortes salariais da função pública, proferidas em tom solene e sábio.

Todos sabemos que mais tarde ou mais cedo estas “moscas” vão partir, mas, porque já conhecemos a qualidade das que lhe sucederão, sabemos que a “ dita” vai continuar, enquanto metermos a cabeça na areia a fingir que não sabemos que a Democracia ou acaba, ou então, enquanto existir, tem como única “arma” o voto consciente e o dever de sermos exigentes com quem escolhemos para gerir os destinos do País.

Mesmo assim, Portugal continua lindo e a cantar “e quando as moscas partirem…”
Ah Portugal duma figa!

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