Esquecidos de que a vida é o único “capital” que
possuímos, são muitos os que têm por hábito explorar e espezinhar os seres
humanos, na sua ganância de acumular uma fortuna que lhes permita enfrentar o
mundo sem problemas. Pura ilusão, porque o dinheiro nunca comprará a vida, que
é o melhor de todos os bens que possuímos.
A prosperidade económica leva algumas pessoas a pensar
que não morrem, mas isso é pura ilusão. Chegada a hora, no momento exato, os
pobres e os ricos ficam reduzidos à sua dimensão de simples mortais e de nada
vale a fortuna acumulada, muitas vezes conseguida à custa de miséria e
sofrimento de seres humanos a quem é negado o direito de viver condignamente.
A frase que serve de título a este pequeno texto é
atribuída a um empresário de sucesso em termos económicos, perante a morte iminente
da sua filha. Significa para mim em primeiro lugar um grito de sofrimento profundo
pela morte de um filho (que, além do mais, contraria a ordem natural), mas
também revela o abraçar do (falso) poder que o dinheiro confere, que vai ao
ponto de nos iludir acerca da inevitabilidade da morte. Podemos prolongar por
algum tempo o nosso prazo de validade se tivermos dinheiro, mas nada evita,
felizmente, que um dia morramos.
Era bom que todos os que têm muito dinheiro parassem um
bocadinho para pensar e abraçassem a causa da solidariedade, neste momento
difícil que atravessamos. Quem está desempregado, doente ou ganha meia dúzia de
tostões já não suporta mais sacrifícios.
Precisamos de grande investimento com regras claras e com
respeito por quem trabalha a sério. Ninguém estará certamente à espera que os
pobres façam um “milagre” desses!
Post Scriptum
Há quem acumule riqueza, sem olhar a meios às vezes, com
o argumento de garantir o futuro dos herdeiros, descendentes ou não. Esta
legítima preocupação não deve, no entanto, desviar-nos da Ética que deve pautar
a nossa vida nem levar-nos a ignorar uma verdade incontornável: O que é demais,
só estraga!