segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Bibó nosso Lelo!



Foi dia de festa no acampamento. Logo pela manhã começaram a chegar os parentes montados nas suas carroças puxadas por burros e cavalos a espumar de cansaço…
 Os mais pequenos andavam numa roda-viva. O cheiro a churrasco e a pipocas espevitava-lhes as narinas, o que fazia com que dificilmente acatassem a ordem de só começarem a comer quando chegasse o Lelo. Eram duas da tarde e o chefe do acampamento não conseguia disfarçar a ansiedade pelo atraso de Lelo, que prometera chegar antes do meio-dia.
De repente apareceu na curva, lá ao fundo do acampamento, um BMW, com duas “bufadeiras”, de “roncar potentíssimo”, a anunciar que Lelo chegava finalmente. Para surpresa geral, atrás dele vinham outras potentes máquinas, num total de catorze que, uma vez chegadas, transformaram o acampamento numa espécie de mostra internacional de automóveis de luxo.
Lelo foi o primeiro a abandonar o bólide para ir abraçar a mãe, que de lágrimas nos olhos lhe disse:
- Onde compraste tantos carros mé filho?
Lelo, inchado, cheio de vaidade retorquiu:
- Ai mãezinha, comprei todos numa “garagem de tolinhos” e paguei-os a pronto. Não fiques aflitinha que não os gamei, como fiz algumas vezes…
Eles eram mesmo tolinhos? Perguntou a mãe.
Não, eles são até finos de mais! Venderam-mos baratos porque não foram eles que os pagaram! Foi um tal Pobo, que parece que é um gaijo muito rico, que inchou cos carcanhois…
- Então fizeste bom negócio?
- Claro! Ou eu não me chamasse Lelo!
Cheia de orgulho, a senhora bateu as palmas e chamou para junto de si a garotada (que continuava ansiosa por churrasco e pipocas) e disse:
- Estes carros são todos do nosso Lelo! Bibó nosso Lelo!
E todos gritaram: Bibó nosso Lelo, Biba, Biba, Biba! …e os burros urraram e os cavalos relincharam!
Impávido e sereno, Lelo continuou a beber a sua taça de champagne francês…

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