sexta-feira, 22 de julho de 2011

Penhoras

Segundo o DN, “entre salários, pensões, contas bancárias, casas e carros as Finanças estão a fazer uma média de 354 penhoras por dia”prevendo-se que este número venha a aumentar na segunda metade do ano, porque é nesta altura que acontece o maior número de instauração de processos de dívida, relativos principalmente ao IRS e ao IMI. A mesma fonte refere ainda que este número, relativo ao primeiro semestre de 2011, corresponde a cerca de 20% das penhoras marcadas, pois 80% dos contribuintes optou por regularizar a sua situação antes que o rendimento ou o bem lhe fosse efectivamente confiscado…
Este cenário trágico espelha bem o nosso País, onde uma boa parte das pessoas, anos e anos a fio, foge ao pagamento das suas obrigações fiscais, exibindo muitos deles, ostensivamente, os seus sinais exteriores de riqueza, numa vaidade incontida, quase sempre acompanhada de uma acusação à função pública pela crise em que vivemos…
Lamento, sinto raiva e estou solidário com aqueles que de um momento para o outro se vêem privadas dos seus rendimentos por causas inesperadas a que são alheios; mas não tenho pena nenhuma (antes pelo contrário) da esmagadora maioria daqueles que quando os ameaçam com execuções fiscais, pagam voluntariamente a dívida. São os crónicos fugitivos ao fisco, que por saberem que não lhes acontece nada, adiam, adiam, adiam até prescrever…Com o escandaloso peso de advogados e juristas nas cadeiras da AR, a fabricar e alterar leis a velocidade relâmpago a justiça não passa de um sonho, no reino da impunidade…Os golpistas estão a coberto! É apenas uma questão de “lata”, capacidade para arriscar e vergonha!
Estamos todos à espera que a Justiça funcione e que a corrupção e as fugas ao fisco sejam enérgica e severamente combatidas. Sabemos que as penhoras não vão parar, porque elas são características da crise em que vivemos.
O que se espera é que acabem os voluntários a pagar, apenas quando sentem o rabinho apertado… E, ele, há tantos!
Que não aconteça às Finanças o que aconteceu com um cidadão que a determinada altura deixou de saber se ia visitar um amigo para cobrar uma dívida, se para fazer festas ao cão ou simplesmente para beber um conhaque. Convém que o Governo e o Ministério das Finanças saibam exactamente o que querem e a quem devem penhorar prioritariamente… Se possível, menos penhoras e mais dinheiro! Tenho a sensação que muito peixe graúdo escapa …

PS- Espero que, por engano, não venham a confiscar os bens a um tal de Loureiro natural de Aguiar da Beira e de outros figurões que calmamente saltam à vara por aí… Com o ex-primeiro escusam de preocupar-se, porque parece que ele não tem rendimento colectável.

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