sexta-feira, 23 de abril de 2010

Marca: Zé Cabra!

Dei comigo a ouvir na SIC mais uma coscuvilhice, desta vez acerca desse homem que “encantou” milhares, que dá pelo nome de Zé Cabra e que, pelos vistos, não se aguentou na peneira e caiu em decadência, mas muito mais lentamente do que trepou os “degraus da fama”.
Estava eu a magicar nestas “novas formas” de fazer televisão (e a perguntar cá para os meus botões quando é que vai ser o dia em que alguma “gente”, a troco de uns cobres, deixa filmar e transmitir a morte de um familiar em directo) quando me ocorreu a hipótese de aquela “peça” ser uma intenção de alguém, com preocupações educativas, nos recordar Zé Cabra para nos “abanar”, numa nobre missão de lutar, assim, contra a “doença nacional” que nos torna fervorosos adeptos de qualquer “moda” que a televisão nos impinja e logo de seguida passarmos a acérrimos críticos se nos “impingirem” o contrário.
Se foi esse o objectivo da reportagem tiro o meu chapéu, porque alguém tem que lembrar a este povo mártir que uma das causas da nossa situação actual é a nossa indiferença pela mediocridade, a quem tantas vezes batemos palmas (por inocência, ignorância ou fanatismo) e da qual, raramente, nos demarcamos.
No dia em que Zé cabra, para ganhar uns cobres se disponibilizou para cantar (coisa que não é capaz de fazer com um mínimo de qualidade), transformou-se num símbolo da mediocridade e no dia em que os órgãos de comunicação social começaram a divulgar tal “achado de refinado mau gosto”, transformaram-se em agentes medíocres, ao serviço do ridículo…
O povinho, como quase sempre, “consumiu” o produto, cada um de per si mais ou menos satisfeito por pensar que ainda podia vir a ser artista das cantigas (bastando para tal que cantasse ainda pior que ele) ou então por ter um motivo para dizer que sabia cantar…
Divagando pelo “Universo Zé Cabra”, tentei estabelecer um paralelismo entre a queda do “cantante” e o percurso de alguns dos nossos políticos, também símbolos de uma mediocridade inquietante. Com muita pena minha, Zé Cabra demorou demasiado tempo a cair, mas, ainda com maior preocupação, verifico que muitos políticos ficam impunes pela sua mediocridade, sendo esta, muitas vezes, directamente proporcional ao tempo que se mantém no activo…
O que é um “YESMAN” ou um “LEVANTADOR DE BRAÇO”, para além de um medíocre? O que é um mentiroso, para além de um medíocre? O que é um “ corrumissionista”, para além de um medíocre? O que é um farsante, para além de um medíocre? O que é um provocador, disfarçado de democrata, para além de um medíocre? O que é um “troca-tintas, com saudades do passado negro”, para além de um medíocre?
Para não perdermos definitivamente o “comboio” precisamos de ter coragem para varrer dos cargos políticos os Zés Cabras deste País.

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