quarta-feira, 28 de abril de 2010

Afinal... estamos mal!

Os analistas financeiros “acreditados”, contrariamente às previsões do Governo, estão a desferir sobre Portugal um ataque cerrado, influenciando negativamente o nosso futuro que, tudo indica, não vai ser fácil.

Nunca compreendi muito bem o optimismo do 1º Ministro, mas nunca estive de acordo que tivéssemos que “parar” o país, como defendia o PSD, para nos reabilitarmos. Com as dúvidas que resultam dos meus fracos conhecimentos de economia, mas tomando como base o nosso passado histórico, sempre considerei Portugal um país maravilhoso, com um Povo acolhedor, corajoso, laborioso e sensato, “ingredientes “ que nos permitem alimentar a esperança de “voltarmos a dar cartas ao mundo”, bastando para tal, em minha opinião, que acordemos e deixemos de fazer de conta que a política não é nada connosco… A crise em que vivemos não é, nem pode ser considerada inultrapassável, residindo o problema, quanto a mim, na falta de coerência com que a atacámos, fazendo recair sobre aqueles que pouco ou nada têm o “fardo” dela e deixando incólumes os “vampiros” que para ela contribuíram, dela se aproveitaram e continuam a alimentar-se. As medidas que o PEC contempla não ao âmago das questões que é necessário enfrentar, como são por exemplo a corrupção, o despesismo, as fugas ao fisco e o sistema judicial, para só referir algumas.

Todos sabemos que os especuladores não fazem outra coisa que não seja procurar “fragilidades” com que possam “saciar-se à grande”, mas atenção senhores políticos (eleitos e nomeados), a forma como nos posicionámos perante a crise, colocou-nos a jeito para sermos “fecundados”…(eu sei que muitos de vocês não foram, por isso mantenham-se calmos!)

Com o seu miserabilismo militante o PSD e o PP publicitaram pelos quatro cantos do mundo algumas das nossas debilidades, e, com o seu optimismo pouco sustentado o PS esqueceu-se de “fazer os trabalhos de casa” e enveredou por caminhos que facilmente os analistas internacionais (especuladores em proveito próprio?) fizeram acreditar que não nos levam a bom porto, baixando drasticamente a confiança dos investidores…

Depois de ter contribuído para que as “manchetes” em todo o mundo nos considerassem uns “inválidos”, o PSD pela voz do seu líder vem agora disponibilizar-se para ajudar a “salvar” Portugal dizendo que estamos a ser "alvo de um ataque especulativo enorme", e, como tal, é preciso mostrar que as diferenças entre o PSD e o Governo não impedem o combate à crise. Não adiantou qual a sua receita para a ultrapassar, mas, sinceramente, não acredito muito nas palavras do novo líder, não consigo descortinar nada de novo e não acredito que um Governo PSD seja sinónimo de melhoria para o País (bem pelo contrário!)

Espero que o Governo PS, que em algumas alturas me fez lembrar o ministro da propaganda iraquiano (salvaguardadas as devidas diferenças democráticas), consiga finalmente dizer ao senhor ministro das Finanças que os livros por onde estudou e cujas “receitas” nos aplicou, estão desactualizados e como tal deve demitir-se! (para ser ministro não basta parecer uma competente e boa pessoa; é preciso “mostrar bom serviço” e como se comprovou, o dele foi péssimo!)

Fico a “torcer” para que o PS descubra “medidas eficazes para reduzir significativamente a despesa pública que não sejam, ainda, mais penalizantes para quem já está enterrado até ao pescoço e “obrigue” o Governo a cumpri-las.

Aos senhores do défice e das análises especulativas desejo um bom repasto de notas de 500 €, ouro, prata e jóias seguido de uma súbita dor de barriga, com as “vulgares” consequências...

2 comentários:

  1. Caro Celso, permite-me uma divagação longa....

    ... é que sinto que estamos mesmo mal! E baseio este sentimento nos seguintes factos:

    Se a memória não me falha, assistimos actualmente na Europa o período mais longo de paz entre os seus povos desde o século III quando ocorreram as célebres invasões Bárbaras que deram por findo o período que ficou conhecido para a história como “Pax Romana”. O período de pacificação que agora assistimos perfaz este ano a bonita idade de 66 anos, contribuindo significativamente para tal, em primeiro lugar a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) criada através do Tratado de Paris em 1951, por providencial inspiração de Robert Schumman e Jean Monnet, que em torno de um propósito de integração económica reuniu a França, Itália, RFA, Luxemburgo, Holanda e Bélgica, um processo que veio seis anos passados, em 1957 portanto, a originar a Comunidade Económica Europeia (CEE), Tratado de Roma, passando a integrar a Dinamarca, o Reino Unido e a Irlanda em 1973, a Grécia em 1981 e Espanha e Portugal em 1986.

    Resumidamente a CEE estabelecia instituições comuns aos signatários que proporcionasse uma melhor gestão dos recursos disponíveis, definindo políticas alfandegárias, agrícolas, de circulação de pessoas e bens no espaço Europeu, o desenvolvimento pela integração. Consolidada a CEE foi altura de conferir-lhe um âmbito mais alargado, nomeadamente alargando a cooperação económica à cooperação política, judicial e penal, assim como na definição de uma política externa e de segurança comum, o que veio a acontecer em Maastricht em 1992 com a criação da Comunidade Europeia (CE), a qual veio permitir o alargamento a uma política monetária comum com a criação do EURO em 1999 e sua materialização em 2002 em 16 dos agora 27 países que compõem a CE que desde o Tratado de Lisboa (2007-9) se passou a designar de União Europeia (EU), que no fundo e talvez de um modo precipitado e definitivamente muito mal explicado (apesar de expectável e compreensível), vem conferir, ou tentar conferir, à Comissão Europeia o papel de um verdadeiro governo de nível Europeu.

    Sem uma liderança carismática, pois convenhamos que provavelmente o discurso mais arrebatador que o actual Presidente da Comissão Europeia alguma vez proferiu foi à saída de um comício do MRPP em pleno PREC, numa Europa órfã de políticos como a Margaret Thatcher, Helmut Kohl, François Mitterrand, Jacques Chirac, Jacques Delors, Felipe González, (aqueles que assim de repente e sem muito esforço me lembro), numa Europa em que ainda ontem o Governo da Bélgica pediu a sua demissão, isto depois de durante vários meses em 2009 sem Governo, onde a Itália é governada por Silvio Berlusconi (e as suas palhaçadas) e onde os gigantes como a Alemanha, a França Espanha e a Inglaterra não existe uma liderança politica que arrebate corações, agravada com uma classe politica Grega especialista na manipulação criativa de estatísticas e contas públicas (diga-se.... muito, mas muito mesmo semelhante ao que por cá se tem feito...), e em Portugal, genericamente desqualificada, surgem os primeiros ataques à consolidação daquela grande Nação Europeia pela qual já clamava esse grande pensador do século XIX que teve por nome de Vitor Hugo.

    (segue noutro comentário, pois esta coisa não aceita mais de 4 mil e tal caracteres....)

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  2. (continuação do comentário)

    Já dizia Sun Tzu que a solidez de um exército avalia-se pelo seu elo mais fraco, este pensamento acarreta duas conclusões óbvias, a primeira, a existir um ataque, ele tendencialmente irá iniciar-se pela parte mais fraca, a segunda, talvez menos óbvia, é que em todos os exércitos existe uma parte mais fraca, sendo precisamente o modo em como a parte forte apoia a parte fraca que define a capacidade e o potencial de um exército. Neste ataque cerrado que a UE, em particular a do Euro está a ser alvo por intermédio dos “PIGS” (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), acarreta por força de uma integração social, política e económica irreversível, impensáveis prejuízos para a sua parte forte composta pela Alemanha, França, Reino Unido, Itália, maiores ainda caso se conceba um retrocesso à integração Europeia, mas possíveis de enfrentar com sucesso com o cerrar de fileiras da Europa e na coragem que esta revele no confronto com a orgia financeira e económica que pautam os mercados internacionais, onde se busca no mercado especulativo, em detrimento do mercado produtivo, o dinheiro rápido e fácil, independentemente das consequências que a prazo isso provoque.

    Para ajudar à confusão, surgem os rumores de que há risco de países não cumpridores poderem sair da zona euro .... contudo, continua-se (na UE) a "esbanjar dinheiro a granel, com "contratos" de pré-adesão a países que querem entrar no clube...especialmente a Turquia que há anos anda a mamar esse dinheiro.

    Tudo isto para dizer o que me vai na alma:

    Desconfio que o sonho europeu acabe ... e a malta acorde não num sonho, mas num pesadelo.

    As situações que levaram à criação da CEE alteraram-se bastante ... a sociedade alterou-se, a conjuntura económica alterou-se e, quer se queira quer não, existem muitas diferenças entre os países europeus. Os estados dos EUA possuem todos uma história comum e partilhada ... na Europa, a história comum é feita de guerras, invasões, conquistas e a única coisa partilhada é este passado de conflitos entre todos.


    Não sinto nada de bom para a continuação da UE.
    O conflito social que amiúde vai surgindo na Europa, proporcionado pelo cada vez mais apertado cinto, pelo desemprego, por um cada vez mais intenso sentimento de desconfiança e descrédito por quem governa, pela ausência de uma luz ao fundo do túnel, pela incompreensão de toda esta situação em que vivemos, vai-se revelar, se nada for feito, por um cada vez maior clima e instabilidade social, seguida de ataques de índole xenófoba, para terminar numa mais que provável guerra fratricida. O sentimento de improbabilidade de uma guerra na Europa é fruto de um período de ténues 66 anos de paz e prosperidade, numa região que durante mais de mil anos viveu em permanente conflito bélico, é bom que não esqueçamos isto.

    Há coisas que são cíclicas....

    Gostaria de estar enganado, mas estou em crer que (infelizmente) não estou

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