O “Portugal da raspadinha” é o mesmo Portugal que diz aos
filhos que estudar não merece a pena, que trata mal os professores que se
preocupam com a falta de aproveitamento dos seus filhos, que usa o rendimento
de inserção para comprar tabaco, álcool e guloseimas (e raspadinhas, claro!)...
É também, maioritariamente, votante nos partidos da
direita, que sempre usaram a “(pouca) sorte” e a “esmolinha” como forma de “disfarçar
e remediar” a pobreza e outras chagas sociais...
Para o “Portugal da raspadinha” a sorte (ou a falta dela)
justifica a pobreza e a riqueza! A máquina de propaganda e o silêncio da
comunicação social (parte dela paga por nós) relativamente às verdadeiras
causas das crises encarregam-se de nos convencer que “tudo nos ultrapassa, nada
está nas nossas mãos e nada nos resta senão acatar e obedecer”.
Desesperadamente, os governantes tentam por todos os
meios que deixemos de pensar, criar e inovar. Isso, em sua opinião, é tarefa
para uma elite restrita, que por “direito divino” tem direito a que nada lhe
falte. Os ministros, secretários, subsecretários, assessores, deputados,
presidentes, vice-presidentes, ricaços, especuladores e outros impostores
tentam a todo o custo vender-nos a ideia do “ensino profissional”, mas não
tenho conhecimento que os seus “dotados filhos” o frequentem!
Santa hipocrisia!
Perguntem a Passos Coelho, Portas e Cavaco por que é que
os desempregados e os beneficiários do rendimento de inserção social não são
convidados a trabalhar para o Estado em lugares onde são necessários e úteis,
mediante o pagamento da diferença entre o que recebem e o que teriam direito,
pelo seu trabalho... Se tal se verificasse, entre outras coisas boas para o
País, produziam e geravam riqueza, melhoravam a sua vida, pagavam os seus
impostos, contribuíam para a sustentabilidade da Segurança Social... Mas, mesmo
assim, o “sistema” prefere mante-los sem trabalhar! Sabem por quê? Precisamente
por causa do problema dos votos, acrescido dos motivos que levam aos “cortes”
na Educação e na Cultura. O “sistema” democrático não assume a responsabilidade
de garantir e obrigar as pessoas a trabalhar e prefere ter sempre à mão um
“exército” de resignados, famintos e analfabetos, dando-lhes uns tostões para
que assumam esse papel! (Chamem o que quiserem a uma sociedade que não protege
o direito ao trabalho, mas por favor não digam que é uma Democracia.)
Os jovens pobres só têm uma saída, enquanto isso lhes for
permitido: estudar, estudar, estudar!
Às famílias pobres
e remediadas com filhos na escola só resta respeitar e apoiar os professores e
restantes membros da comunidade educativa que exigem estudo, disciplina e
educação aos alunos...
Perder a oportunidade de acesso à Educação e à Cultura é
querer continuar no Portugal da raspadinha, comprometendo um Portugal de
futuro!
Post Scriptum
Que fiquem pobres os ricaços
Mas só durante uma semana!
E depois que acabem os seus embaraços
E voltem a poder gastar à fartazana!
Coitados dos que têm (só) muito dinheiro
Já lhes basta essa pouca sorte
Vivem tristes, miseráveis a tempo inteiro
Por não conseguirem escapar à lei da morte!
Para os que querem sempre mais e mais
E não há dinheiro que lhes encha o papo
Aqui fica o meu grito de revolta
Bando de irracionais!
Cretinos de fino trato!
Ninho de lacraus à solta|
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