terça-feira, 25 de março de 2014

Portugal da “raspadinha”

O “Portugal da raspadinha” é o mesmo Portugal que diz aos filhos que estudar não merece a pena, que trata mal os professores que se preocupam com a falta de aproveitamento dos seus filhos, que usa o rendimento de inserção para comprar tabaco, álcool e guloseimas (e raspadinhas, claro!)...
É também, maioritariamente, votante nos partidos da direita, que sempre usaram a “(pouca) sorte” e a “esmolinha” como forma de “disfarçar e remediar” a pobreza e outras chagas sociais...

Para o “Portugal da raspadinha” a sorte (ou a falta dela) justifica a pobreza e a riqueza! A máquina de propaganda e o silêncio da comunicação social (parte dela paga por nós) relativamente às verdadeiras causas das crises encarregam-se de nos convencer que “tudo nos ultrapassa, nada está nas nossas mãos e nada nos resta senão acatar e obedecer”.
Desesperadamente, os governantes tentam por todos os meios que deixemos de pensar, criar e inovar. Isso, em sua opinião, é tarefa para uma elite restrita, que por “direito divino” tem direito a que nada lhe falte. Os ministros, secretários, subsecretários, assessores, deputados, presidentes, vice-presidentes, ricaços, especuladores e outros impostores tentam a todo o custo vender-nos a ideia do “ensino profissional”, mas não tenho conhecimento que os seus “dotados filhos” o frequentem!
Santa hipocrisia!

Perguntem a Passos Coelho, Portas e Cavaco por que é que os desempregados e os beneficiários do rendimento de inserção social não são convidados a trabalhar para o Estado em lugares onde são necessários e úteis, mediante o pagamento da diferença entre o que recebem e o que teriam direito, pelo seu trabalho... Se tal se verificasse, entre outras coisas boas para o País, produziam e geravam riqueza, melhoravam a sua vida, pagavam os seus impostos, contribuíam para a sustentabilidade da Segurança Social... Mas, mesmo assim, o “sistema” prefere mante-los sem trabalhar! Sabem por quê? Precisamente por causa do problema dos votos, acrescido dos motivos que levam aos “cortes” na Educação e na Cultura. O “sistema” democrático não assume a responsabilidade de garantir e obrigar as pessoas a trabalhar e prefere ter sempre à mão um “exército” de resignados, famintos e analfabetos, dando-lhes uns tostões para que assumam esse papel! (Chamem o que quiserem a uma sociedade que não protege o direito ao trabalho, mas por favor não digam que é uma Democracia.)

Os jovens pobres só têm uma saída, enquanto isso lhes for permitido: estudar, estudar, estudar!
 Às famílias pobres e remediadas com filhos na escola só resta respeitar e apoiar os professores e restantes membros da comunidade educativa que exigem estudo, disciplina e educação aos alunos...
Perder a oportunidade de acesso à Educação e à Cultura é querer continuar no Portugal da raspadinha, comprometendo um Portugal de futuro!




Post Scriptum
Que fiquem pobres os ricaços
Mas só durante uma semana!
E depois que acabem os seus embaraços
E voltem a poder gastar à fartazana!

Coitados dos que têm (só) muito dinheiro
Já lhes basta essa pouca sorte
Vivem tristes, miseráveis a tempo inteiro
Por não conseguirem escapar à lei da morte!

Para os que querem sempre mais e mais
E não há dinheiro que lhes encha o papo
Aqui fica o meu grito de revolta

Bando de irracionais!
Cretinos de fino trato!

Ninho de lacraus à solta|

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