quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Os “pitopatas”

A minha prima Eleutéria telefonou-me muito aflita dando-me conta de um fenómeno que viu lá na terra dela, onde umas aves estranhíssimas se passeavam pelas ruas cantando cocorocuá cocorocuá, cocorocuá, cocorocuá… Disse-me também que, de tempos a tempos, as estranhas aves se alinhavam umas atrás das outras para cheirarem os respectivos cus e depois de o fazerem três vezes abriam as asas e levantavam altivamente as cabeças para reiniciarem a cantilena… Terminou a conversa informando-me que lá no sítio diziam que aquelas aves resultavam do cruzamento de patas com pintos e que tudo tinha começado nos poleiros de uns tais Passos e Portas, gente abastada, que gosta de brincar aos ensaios e que dedica muitos do seus dias a invenções macabras. Assim num dia de festim, em louvor de S. Valentim permitiram que o filho da pita do Passos acasalasse com a filha da pata do Portas! Passadas umas semanas surgiram dos ovos uns horrendos animaizinhos - os “pitopatas”- como lhes chama a minha prima.
Se a moda pega, e, parece que já pegou, dentro de pouco tempo, os “pitopatas” serão aos milhares, espalhados de norte a sul. Passear-se-ão naquele ritual macabro pelas ruas das nossas cidades e vilas, à mistura com pobres, pobrezinhos e famintos, que passarão a alimentar-se dos seus cocorocuás!
De uma forma simples o filho da pita de Passos e a filha da pata de Portas, transformaram-se em Salvação Nacional. Os “pitopatas”para além de acautelarem as benesses e mordomias dos que habitam no paraíso, solucionaram o problema do desemprego e da segurança social, porque, alimentadas só de “cocorocuás” (cânticos para os mais eruditos) as pessoas têm natural tendência para durar menos…
Para glória futura, na História de Portugal há-de ler-se um dia que estas “aves” acabaram com os pobres em Portugal! Foi através de morte prematura, é certo, mas com a dignidade que os “cânticos” emprestam às cerimónias fúnebres, outrora só reservados às pessoas importantes…
Mesmo que estes novos seres, criados à rebeldia de Deus, um dia se transformem em aves de rapina, não há grande problema, pois o mais certo é que, então, já não haja nada para rapinar…
Nessa altura para glória e Justiça do Pai matar-se-ão e comer-se-ão uns aos outros, enquanto na Poltrona do Céu o Povo assiste ao seu Piedoso castigo!
Que assim não seja! Amen!

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