quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mo(n)ção de censura

Tal como nas monções em que o sentido dos ventos se inverte sazonalmente, também na Assembleia da República os senhores deputados mais parecem vento do que gente inteligente e responsável. S. Bento transformou-se na Casa da Comédia, demasiadas vezes trágica…
Francisco Louçã, cómico de nascença e trágico por opção quis dar o mote das mo(n)ções 2011 e decidiu fazer precisamente o contrário daquilo que pouco tempo antes tinha afirmado com solenidade ao anunciar a apresentação de uma moção de censura, cujos efeitos práticos, até agora, foram dois pedidos de demissão da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda.
Ao que tudo indica Louçã decidiu tirar meças de ditador com José Sócrates e parece que o resultado foi empate técnico.
Há quem diga que esta moção de censura foi uma tentativa de retirar protagonismo ao Partido Comunista, mas o que me parece é que se tratou de uma diarreiazinha de Louçã, que quis dar uma de valente, convencido que a direita iria a seu reboque, como aconteceu em “ vice-versa” ainda recente.
Esta mo(n)cão de Louça teve, no entanto, o mérito de desmascarar a hipocrisia do PP e do PSD que, qual aves de rapina, esperam o momento ideal para se chegarem à frente e devorar a sua presa…
Neste momento a política da Oposição é: -quanto pior melhor! O País que se lixe!
Em vez de lutarem pelo bem comum, tentam desacreditar-nos ao máximo, interna e internacionalmente, para que a situação se deteriore cada vez mais, para que a sua teoria vingue e surjam como salvadores numa altura em que possam fazer o que entenderem e sacudir a água do capote.
Esta mo(n)ção serviu também para dar um fôlego novo a Sócrates e ao seu Governo, ao contrário do que seria o objectivo da mo(n)ção. Ajudou ainda o PC a retocar a sua imagem de credibilidade, que certamente vai potenciar nas suas “moções de rua” que já não são o que eram e necessitam de criatividade e bom senso para que o feitiço não se vire contra o feiticeiro.
Em suma: este espirro do BE beneficiou todos, menos ele próprio. É certo que nos deu a conhecer a “papalvice” dos nossos responsáveis políticos, que só algum tempo depois deram conta que tudo não passava de um anúncio de moção, que até pode não vir a concretizar-se. As horas de tempo que perderam em análises e que conduziram aos resultados que se conhecem de nada valeram, tendo como único aspecto positivo o facto de, não ocuparem esse tempo, a fazer coisas bem piores. Direi que se tratou de uma inutilidade não gravosa internamente, porque já estamos habituados ao circo, Em termos internacionais, reavivou o nosso estatuto de brincalhões… constituindo essa realidade a parte negativa da actividade política das últimas semanas.
Com um mau Governo e a Oposição a puxar para baixo, dificilmente levantamos voo. Com um mau governo e uma oposição de m, como a que temos, enterramo-nos no pântano.
Só vejo uma solução para sair da crise: Um governo PS que encoste às boxes as “aves”e passe a agir com base em princípios e compromissos, sem medo de perder o “poleiro”.
Em minha opinião, o perfil de Sócrates não “corresponde”!

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