sexta-feira, 10 de agosto de 2018

A LIMPEZA DOS RIACHOS E DAS RIBEIRAS


A LIMPEZA DOS RIACHOS E DAS RIBEIRAS
Por Celso Neto

Ontem decidi percorrer umas centenas de metros nas margens de uma ribeira onde na minha meninice ia com um amigo já bem crescido “pescar” uns peixes para a merenda, de tempos a tempos.
O local da pescaria era um “poço” debaixo de um raizeiro de amieiros. A nossa cana de pesca era um cesto de vime, que com uma pedra dentro, mergulhávamos no dito poço durante uns minutinhos. Depois era só puxar o cesto, deitar à água os peixes mais pequenos e vir para casa fazer uma ”fritada”. Dizia-me esse meu amigo, que trabalhava em casa dos meus pais, que em tempos havia por ali enguias, mas que a ganância de alguns, as tinha exterminado…
Com ele era “religiosamente assim: - Mergulhava-se o cesto só uma vez e o que viesse (depois de rejeitados os “bebés” era o que vinha para casa e só em casos excecionais havia mais do que uma pescaria por mês…
Comemos peixes do rio durante todo o meu tempo de criança, nós e outros que certamente faziam também as suas “pescarias”. O vandalismo de alguns diminuiu muito a quantidade de peixes naquela ribeira, mas o seu extermínio só aconteceu quando encaminharam para ela o mijo, os cagalhões e todo o tipo de “merdas” que sobram da atividade humana.
Senti um misto de nostalgia e raiva. Roguei uma praga aos “inteligentes” que fizeram aquele serviço…

Lembro-me de uma única vez em que aquela ribeira foi limpa a expensas de quem a conspurcou. Durante o inverno é arrastada toda a espécie de lixo que se vai acumulando no leito e nas margens. À semelhança do que acontece com (todas) as outras, as entidades públicas não limpam nada, porque assim os nossos autarcas conseguem esconder melhor a espuma que comprova o desleixo com que são tratados os esgotos que em má hora decidiram canalizar para os riachos e ribeiras. Durante o verão, por terem pequenos caudais, ficam severamente poluídos, como se comprova pelo negro das margens e pela espuma a boiar na pouca água que corre, libertando de quando em vez, um fedor que lhes devia servir de sobremesa a todas as refeições.

Será muito difícil ver que os esgotos não podem ser despejados nos riachos e ribeiras, mas sim canalizados para estações de tratamento devidamente equipadas?

Com um pedido de desculpas aos que para quem estas coisas não são de menor importância, atrevo-me a dizer que a realeza autárquica do que gosta mesmo… é de fazer merda|

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