A LIMPEZA DOS RIACHOS E DAS RIBEIRAS
Por Celso Neto
Ontem decidi percorrer umas centenas de metros nas
margens de uma ribeira onde na minha meninice ia com um amigo já bem crescido
“pescar” uns peixes para a merenda, de tempos a tempos.
O local da pescaria era um “poço” debaixo de um raizeiro
de amieiros. A nossa cana de pesca era um cesto de vime, que com uma pedra
dentro, mergulhávamos no dito poço durante uns minutinhos. Depois era só puxar
o cesto, deitar à água os peixes mais pequenos e vir para casa fazer uma ”fritada”.
Dizia-me esse meu amigo, que trabalhava em casa dos meus pais, que em tempos
havia por ali enguias, mas que a ganância de alguns, as tinha exterminado…
Com ele era “religiosamente assim: - Mergulhava-se o
cesto só uma vez e o que viesse (depois de rejeitados os “bebés” era o que
vinha para casa e só em casos excecionais havia mais do que uma pescaria por
mês…
Comemos peixes do rio durante todo o meu tempo de
criança, nós e outros que certamente faziam também as suas “pescarias”. O
vandalismo de alguns diminuiu muito a quantidade de peixes naquela ribeira, mas
o seu extermínio só aconteceu quando encaminharam para ela o mijo, os cagalhões
e todo o tipo de “merdas” que sobram da atividade humana.
Senti um misto de nostalgia e raiva. Roguei uma praga aos
“inteligentes” que fizeram aquele serviço…
Lembro-me de uma única vez em que aquela ribeira foi
limpa a expensas de quem a conspurcou. Durante o inverno é arrastada toda a
espécie de lixo que se vai acumulando no leito e nas margens. À semelhança do
que acontece com (todas) as outras, as entidades públicas não limpam nada, porque
assim os nossos autarcas conseguem esconder melhor a espuma que comprova o
desleixo com que são tratados os esgotos que em má hora decidiram canalizar
para os riachos e ribeiras. Durante o verão, por terem pequenos caudais, ficam severamente
poluídos, como se comprova pelo negro das margens e pela espuma a boiar na
pouca água que corre, libertando de quando em vez, um fedor que lhes devia servir
de sobremesa a todas as refeições.
Será muito difícil ver que os esgotos não podem ser
despejados nos riachos e ribeiras, mas sim canalizados para estações de
tratamento devidamente equipadas?
Com um pedido de desculpas aos que para quem estas coisas
não são de menor importância, atrevo-me a dizer que a realeza autárquica do que
gosta mesmo… é de fazer merda|
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