sexta-feira, 15 de maio de 2015

Dona Justiça

Dona Justiça era uma velha senhora que adorava festas. Contava-se que festa onde ela não estivesse presente, não era festa nem era nada.
Dizia-se que era natural de Lugar dos Burros e pertencia a Boas Famílias.
Falecida nos tempos da minha avó, aqui recordo uns versos que ouvi cantar a seu propósito:

Embrulhada em seu manto preto
Dona Justiça passeia-se vaidosa pelo arraial
Às perguntas responde: - Não prometo!
Sou única! Sou Bela! Nunca sou igual!
O seu corpo esbelto esconde segredos
Na sua mente não existem medos!
Descarada até “não mais”
Reclama para si valores ancestrais
Tem hábitos de gente fina
Quando faz sexo, fica sempre por cima!
Delicia-se a espreitar, sem ver nada
Atrás da sua cortina dourada!
Tropeça nos ciscos, ignora as trancas
As nuvens escuras para ela são brancas!
Aprecia os doces, não come salgado
E com as gorduras tem muito cuidado!
Aprecia mordomias e o fausto dos salões
Adora fazer bluff e dar “sermões”!
É misteriosa, quase incompreensível
Vastas vezes” tem falta de nível!
Entretém-se a brincar ao faz de conta
É muito rigorosa em coisas de pequena monta!
A família vive muito preocupada
Porque está a tornar-se muito descarada!
Curte neblinas...ao nevoeiro faz vista larga

...e o Nobre Povo é que as amarga!

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