quarta-feira, 6 de abril de 2011

Vamos a “um suponhamos”!

Esta história nada tem a ver com aquele suponhamos anedótico em que um réu decidiu ridicularizar um juiz. (para quem não sabe a anedota, um dia eu contarei, num “elogio” à nossa Justiça… O “escrito” de hoje tem a ver com o “regabofe”português como partícula do “regabofe” europeu”… As últimas ocorrências a que temos assistido relacionadas com a nossa situação política e com a nossa dívida soberana trazem-me à memória uma história passada com um familiar que herdou uma dívida de sete contos de reis resultante de copos de vinho e algumas “mercearias” folgadamente apontadas no rol. Por morte do devedor o especulador apresentou-se em casa dos herdeiros reclamando uma quantia de 17 contos, fruto da acumulação do capita (supostamente) devido e de juros sobre juros, à taxa de 7%,resultantes do não pagamento da dívida na altura devida. Caso não tivesse dinheiro o “benemérito especulador” não se importava de ficar com uma quinta deixada em herança pelo falecido, de muito maior valor, mas que nada valia porque ninguém a comprava… A resposta do devedor, tanto quanto sei, foi peremptória: O senhor não volta a por os pezinhos nesta casa (da quinta), eu não lhe devo nada mas vou pagar-lhe 17 contos nos próximos cinco anos e nem mais um tostão. Se não quiser assim, pode ir à sua vidinha que eu não lhe pago nem mais um tostão, e, não saia daqui com intenção de me comer, porque quem me comer vai ter que “depositar” na retrete e vai morrer com o mau cheiro… A conversa terminou com a aceitação das condições por parte do especulador! A dívida foi paga, e, sem condições para saborear o dinheiro, o avarento morreu, por doença, algum tempo de pois, quase ao abandono. Esta pequena história, verídica, tem todos os ingredientes contidos na “situação portuguesa” actual, podendo retirar-se dela algumas ilações: Em 1º lugar, os especuladores são insaciáveis e só conhecem a lei da selva. Em 2º lugar, esses vampiros por mais dinheiro que tenham, não estão livres da morte! Em 3ºlugar, existem formas muito mais divertidas de viver do que a contar dinheiro e a fazer contas! Em 4º lugar, é necessário honrar compromissos, mas em moldes definidos à partida, com os interlocutores em pé e não uns no trono e outros de joelhos! Em 5º lugar, ninguém é de ninguém e ninguém come ninguém! Em 6º lugar é urgente lutar com firmeza contra os especuladores atirando-os borda fora, sem hesitações ou medos, porque eles “sujam-se e molham-se” todos quando, com razão, lhes batemos o pé. Um avarento é um “asqueroso frágil”! Em 7º lugar convém que se saiba que nos tempos do fascismo, os especuladores cobravam juros de 7%, o que os converte nuns “meigos” comparados com os especuladores democráticos actuais! Retomando o título, suponhamos que um dia destes (à semelhança do que fez o honrado devedor), Portugal “telefona” para a Merkel e Sarkosy a pedir-lhes , não dinheiro, mas sim que digam aos (seus) especuladores e às (suas) agências de rating que não queremos mais estar nesta Europa e vamos regressar aos “velhos tempos”, não como colonizadores, mas como parceiros, dispostos a barrar o caminho da injustiça, para podermos ser livres e prósperos, graças ao nosso saber e ao nosso trabalho… Sinceramente não sei as consequências de “um tal suponhamos”, mas como ninguém nos diz como vamos sair do buraco onde estamos, sem ser à conta de quem trabalha ou trabalhou uma vida inteira para ter uns tostões na velhice, não fico muito preocupado com o que aconteceria… a não ser com o fato de, muito provavelmente, José Sócrates deixar de poder adquirir fatos em L.A… Enquanto não for encontrada a fórmula da melhor maneira de nos acabar de “sangrar”, deixem-me saborear “este suponhamos”, já que não me é possível (como o foi para alguns) saborear o gostinho de uma nomeação ou promoção de última hora, como garantia de, um qualquer, futuro!

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