domingo, 17 de outubro de 2010

Rankings…

Os rankings escolares são demagógicos, porque querem comparar duas realidades completamente diferentes… Mesmo desvalorizando alguns contextos pouco abonatórios em que se realizam os exames nas escolas privadas, a Escola pública aceita todos os alunos, enquanto a Escola privada escolhe os seus alunos!
São Universos incomparáveis, mas o analfabetismo do senhores jornalistas, quiçá resultante das “novas oportunidades” na comunicação social, é gritante e subserviente à estratégia de “vender” privado, provavelmente para pagar “canudos”adquiridos, à pressão, em fins de semana e dias santos de guarda…
A argumentação da Senhora Ministra da Educação é, também, demagógica, porque encobre o facilitismo legal instalado nas escolas públicas e a desvalorização /ridicularização dos professores e da função docente, que são factores “de peso” na qualidade da Escola. Ao tentar “vender” uma imagem exagerada nas virtudes e qualidades da Escola pública está a faltar à verdade, porque todos sabemos que a Escola pública está longe da desejável qualidade.
Cada vez mais os rankings hão-de dar piores resultados para a escola pública enquanto ela tratar de forma igual os que querem e os que não querem estudar, os aplicados e os mandriões. Alguns “macambúzios” não aproveitam as oportunidades que lhes estão a ser dadas e até pensam que fazem um favor a alguém por trazerem os filhos na Escola. Os bons rankings só serão possíveis na generalidade das escolas públicas quando os nossos jovens se capacitarem que têm que trabalhar e que o seu trabalho, enquanto estudantes, é estudar! Os papás tem o dever de exigir aos seus filhos que estudem em vez de procurarem bodes expiatórios para lhe proteger a cabulice.
A nata social e económica (muita quase analfabeta) continua a insurgir-se contra as Universidade para os filhos dos outros, quase parecendo que ser licenciado é um “retrocesso” no bem-estar de alguém ou uma “complicação de vida”. Aquele argumento, muito em voga, de que nem todos podem ser doutores é verdadeiro, mas por favor não escondam que a nossa percentagem de licenciados é baixíssima, comparada com a de outros países desenvolvidos.
Só os que são mal intencionados e os pacóvios é que podem dizer que temos demasiados licenciados e que “a chave para o desenvolvimento” são as escolas profissionais. É lógico que o desempenho profissional, cada vez mais específico e restrito, não necessita que todos sejam licenciados, mas o ideal era que o fossem, porque a cultura e o saber nunca fizeram mal a ninguém… Não é por serem licenciados que os electricistas, os canalizadores, os sapateiros, as costureiras e todas os técnicos deixam de ser bons… Já sabemos que quem trabalha não tem tempo para ser rico, mas pelo menos deixem-no ser licenciado!
Embora não deva ignorar os rankings, considerando-os sempre mais um indicador da sua acção, a Escola Pública não pode viver obcecada com eles, até porque eles estão a ser aproveitados para tentar denegrir a Escola pública, realçando as suas fraquezas e omitindo os seus pontos fortes, de uma forma vil e desonesta.
A Escola pública deve dar aos rankings a importância que eles têm (pouca) e centrar antes a sua preocupação no facilitismo, na indisciplina e na “mediania” que caracteriza o conhecimento que disponibiliza aos alunos, o que faz com que os mais inteligentes, mais aplicados e mais estudiosos sejam severamente penalizados.
Enquanto nos distraem com os rankings, o País afunda-se em interesses partidários que não permitem debater e resolver o nosso problema (estrutural). Os líderes refugiam-se na caça ao voto em vez de empenharem na caça à produção e à qualidade e no combate ao défice e às fugas, trocando “mimos”hipócritas, exemplos de retórica barata e má educação!
À margem dos rankings, o País continua a definhar!
Quanto à crise… Está previsto que (só para alguns) continue!

Sem comentários:

Enviar um comentário