quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O escandaloso meritíssimo ranking…

O escandaloso ranking em que o Relatório de 2010 da Comissão Europeia para a Eficácia da Justiça coloca a Justiça Portuguesa ajuda a compreender o estado calamitoso em que se encontra nosso país, vitima de conluios que o transformaram numa República das bananas com os políticos a tirar partido dos privilégios concedidos aos juízes, deuses da terra…
È muito triste ouvir dizer que os juízes em Portugal são muitos, trabalham pouco e ganham demasiado,… tudo em nome da “independência do poder judicial!...num País de políticos de meia tigela, que neste momento devem ser 90% dos propriamente ditos…

Mesmo depois das denúncias da Comissão Europeia, que todos já constatámos, parece que o “meritíssimo gang”vai continuar a ser privilegiado, depois de ilibados (embora com estrondo) os políticos de todo e qualquer “atropelo”… em simultâneo com a avaliação de Muito Bom e Excelente com que todos foram contemplados…

A imagem da Justiça Portuguesa está pelas ruas da amargura, mas mesmo assim não há memória se um juiz condenado pelos escandalosos atrasos da Justiça ou por sentenças que proferem e nos arrepiam…

Eu, que não percebo muito de justiça, “afino” o meu pensamento pela”lástima” da FPF, recheada de jubilados que fizeram escola e construíram o “paradigma futebolístico” que todos conhecemos…

Compreendo que, nos dias de hoje, julgar é difícil e arriscado, mas ninguém pode borrar a escrita mesmo que, compreensivelmente, borre as calças, porque a Liberdade obriga a que cada um abrace a sua vocação.
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele!
Acabou o tempo das virgens prostitutas!
Precisamos de Justiça.!
Juízes ao seu sítio, já!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

ó rego, amarelinha!

Esta “farsa”orquestrada por Passos Coelho e pelo PSD com a hábil conivência do PS de José Sócrates (no seu próprio interesse, para “legitimar” o mexer no nosso bolso já depauperado, em defesa do “interesse nacional” de uns quantos privilegiados, deuses terrenos que, pelo facto de o serem, têm direito às nossas orações, aos nossos sacrifícios e aos prazeres do Olimpo) quase nos faz sentir culpados pela “desgraça” que se abateu sobre o País, levando-nos a acreditar que foram os baixos e médios salários e as reformas adquiridas no final do necessário tempo de serviço (nunca inferior a 36 anos e 55 anos de idade) que levaram à actual situação de estagnação do desenvolvimento e de crise financeira.
As peripécias da negociação do Orçamento fazem-me lembrar os meus tempos de criança em que o meu pai me encarregava de andar à frente das vacas (depois de se certificar que eram mansas) enquanto procedia à lavragem das terras que hoje, juntamente com todas as outras que lhes são confinantes, pertencentes a outros agricultores, se encontram incultas por não ser rentável a sua exploração, a partir do momento em que os nossos ministros da Agricultura decidiram que Portugal devia receber subsídios para não produzir e penalizar quem insistisse nas lides agrícolas, obrigando-o a viver na miséria.
Nesse tempo era comum lavrar os terrenos com charruas puxadas por uma junta de bois (não dos actuais, porque esses escrevem-se com Y) ou de vacas, normalmente de pelo amarelo (as amarelinhas, como o meu pai lhes chamava). Durante as lavragens, com alguma frequência uma das vacas, por cansaço, por teimosia, por fome ou por qualquer motivo que só ela sabia, atrasava-se um pouco e daí resultava que a charrua saísse do sítio certo…
Nessa altura o meu pai, com voz de comando de oficial que nunca foi, (porque serviu a Pátria como soldado) dizia “ó rego amarelinha!”e as vacas como que por magia retomavam a marcha certa (uma delas no rego). Se não obedecessem prontamente, picava ligeiramente no traseiro, com uma aguilhada que sempre empunhava, a vaca que queria ficar para trás e tudo se resolvia, durante um tempo, até que uma das vacas voltasse a desatinar…
Era assim que se conseguia uma boa lavragem… e, com mais ou menos picadelas no rabo, as vacas eram sempre premiadas com uma boa refeição de erva fresca.

Salvem os juízes, pá!

Oh meus amigos:
Nesses homens e mulheres não se mexe no pecúlio. Não é justo, porque eles ganham pouquinho e têm umas reformas de miséria…! Se não fossem aquelas “alcavalas” para a renda de casa, para … e não sei para que mais, dificilmente sobreviveriam!
Já imaginaram o que seria se um meritíssimo juiz tivesse que preocupar-se com problemas de falta de dinheiro? Como é que eles conseguiam julgar? Isso de preocupações com a falta do vil metal é para os humanos, não é para os Deuses da terra.
Um juiz é um juiz, não pode ter “quebrações “ de cabeça para poder estudar as leis e julgar com imparcialidade. Eu acho que elas deviam receber o que lhes apetecesse, ter um cartão de crédito ilimitado (como parece que alguns fidalgos têm) para, sempre que necessário, satisfazerem, na hora, as suas sábias e doutas necessidades.
A minha prima Ambrósia diz que mexer nas pensões e nos vencimentos dos meritíssimos juízes é uma “manobra” de muito mau gosto, uma vingançazinha feia, quiçá um crime! Não se cansa de espalhar aos quatro ventos que se os portugueses soubessem quão difícil é a sua profissão, deitavam-se no chão e faziam uma passadeira para eles não sujarem os sapatos na lama, quando fossem a entrar no Tribunal.
Salvemos a honra e a dignidade dos juízes. Logo que possível o Governo deve iniciar um peditório nacional, com vista à criação de um fundo de emergência para os nossos juízes.
Isto pode lá ser?! Vocês sabem lá o que é um juiz?!
Apertem-nos o cinto, até para lá do último furo, com os PECs, mas deixem os meritíssimos juízes usar suspensórios. Ouçam e acatem a opinião do Sindicato, porque se trata de pessoas muito credíveis e isentas.
Há dias uma prostituta que ficou escandalizada com esta partida que fizeram aos juízes disse para quem quis ouvir (e eu achei graça): A vida deles é como a nossa - Não é fácil!
Tenham dó! Salvem os juízes, pá!

domingo, 17 de outubro de 2010

Rankings…

Os rankings escolares são demagógicos, porque querem comparar duas realidades completamente diferentes… Mesmo desvalorizando alguns contextos pouco abonatórios em que se realizam os exames nas escolas privadas, a Escola pública aceita todos os alunos, enquanto a Escola privada escolhe os seus alunos!
São Universos incomparáveis, mas o analfabetismo do senhores jornalistas, quiçá resultante das “novas oportunidades” na comunicação social, é gritante e subserviente à estratégia de “vender” privado, provavelmente para pagar “canudos”adquiridos, à pressão, em fins de semana e dias santos de guarda…
A argumentação da Senhora Ministra da Educação é, também, demagógica, porque encobre o facilitismo legal instalado nas escolas públicas e a desvalorização /ridicularização dos professores e da função docente, que são factores “de peso” na qualidade da Escola. Ao tentar “vender” uma imagem exagerada nas virtudes e qualidades da Escola pública está a faltar à verdade, porque todos sabemos que a Escola pública está longe da desejável qualidade.
Cada vez mais os rankings hão-de dar piores resultados para a escola pública enquanto ela tratar de forma igual os que querem e os que não querem estudar, os aplicados e os mandriões. Alguns “macambúzios” não aproveitam as oportunidades que lhes estão a ser dadas e até pensam que fazem um favor a alguém por trazerem os filhos na Escola. Os bons rankings só serão possíveis na generalidade das escolas públicas quando os nossos jovens se capacitarem que têm que trabalhar e que o seu trabalho, enquanto estudantes, é estudar! Os papás tem o dever de exigir aos seus filhos que estudem em vez de procurarem bodes expiatórios para lhe proteger a cabulice.
A nata social e económica (muita quase analfabeta) continua a insurgir-se contra as Universidade para os filhos dos outros, quase parecendo que ser licenciado é um “retrocesso” no bem-estar de alguém ou uma “complicação de vida”. Aquele argumento, muito em voga, de que nem todos podem ser doutores é verdadeiro, mas por favor não escondam que a nossa percentagem de licenciados é baixíssima, comparada com a de outros países desenvolvidos.
Só os que são mal intencionados e os pacóvios é que podem dizer que temos demasiados licenciados e que “a chave para o desenvolvimento” são as escolas profissionais. É lógico que o desempenho profissional, cada vez mais específico e restrito, não necessita que todos sejam licenciados, mas o ideal era que o fossem, porque a cultura e o saber nunca fizeram mal a ninguém… Não é por serem licenciados que os electricistas, os canalizadores, os sapateiros, as costureiras e todas os técnicos deixam de ser bons… Já sabemos que quem trabalha não tem tempo para ser rico, mas pelo menos deixem-no ser licenciado!
Embora não deva ignorar os rankings, considerando-os sempre mais um indicador da sua acção, a Escola Pública não pode viver obcecada com eles, até porque eles estão a ser aproveitados para tentar denegrir a Escola pública, realçando as suas fraquezas e omitindo os seus pontos fortes, de uma forma vil e desonesta.
A Escola pública deve dar aos rankings a importância que eles têm (pouca) e centrar antes a sua preocupação no facilitismo, na indisciplina e na “mediania” que caracteriza o conhecimento que disponibiliza aos alunos, o que faz com que os mais inteligentes, mais aplicados e mais estudiosos sejam severamente penalizados.
Enquanto nos distraem com os rankings, o País afunda-se em interesses partidários que não permitem debater e resolver o nosso problema (estrutural). Os líderes refugiam-se na caça ao voto em vez de empenharem na caça à produção e à qualidade e no combate ao défice e às fugas, trocando “mimos”hipócritas, exemplos de retórica barata e má educação!
À margem dos rankings, o País continua a definhar!
Quanto à crise… Está previsto que (só para alguns) continue!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Viva Portugal !

Se os países estrangeiros nos avaliassem pelo mal que dizemos de nós próprios a nossa “fotografia” internacional seria uma mancha negra de borrões difusos em que não se distinguiria se somos uma República Democrática ou das bananas…algo muito próximo do nunca visto…
Felizmente a credibilidade externa de alguns políticos da nossa praça é muito fraca e assim os seus “venenos” que apenas obedecem à estratégia da caça ao voto interno não fazem grande mossa (mas fazem alguma) nas “ressonâncias magnéticas” a que as Entidades Internacionais nos sujeitam, para medir (às vezes mal) aquilo de que somos capazes, enquanto povo empreendedor, pacífico e civilizado que já deu (e há-de voltar a dar) cartas ao mundo…
A “desvalorização” com que nos autoflagelamos é confrangedora e neste aspecto não vejo muitas diferenças entre a esquerda, o centro e a direita, que são conceitos desactualizados, dizem os modernos, mas que eu não gosto de ver confundidos, no inevitável e salutar convívio democrático
A eleição de Portugal para Membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU é uma prova do nosso prestígio internacional e devia servir de lição àqueles que, sem argumentos válidos para ultrapassar a crise que vivemos, se refugiam no bota abaixo, no quanto pior melhor, para aparecerem como salvadores da pátria, dispensados de respeitar os princípios democráticos, em nome da urgência e da eficácia.
Já referi várias vezes que não concordo com as medidas tomadas pelo actual Governo, por abrangerem quase e só os que são menos responsáveis pela crise. Também já escrevi que esta Europa não me agrada, mas… daí até dar razão aos causadores da crise ou aqueles que estão sempre em crise, vai uma distância muito grande.
Em Portugal, a oposição não quer governar nem deixar governar! Queria que o PS governasse com base nas suas doutas vontades. A Isto chama-se hipocrisia, porque se a oposição não usou os mecanismos à sua disposição para derrubar o Governo e se não quer chegar a acordo, deve deixar governar o PS com o seu Orçamento e Programa, até ao dia em que assumir derrubá-lo e sujeitar-se a eleições democráticas.
Embora acredite que à última da hora a esquerda não permita a queda do Governo, sinto alguma curiosidade em ver O PSD e o CDS governar, mais que não seja para reabrir os olhos a alguns profetas, de memória curta, que já se esqueceram como viviam antes do 25 de Abril... O problema é que, um tal governo, agravaria a situação dos que menos têm e daí a minha luta e a minha esperança numa renovação do PS que dê férias às “lapas” que estão sempre com o novo líder, mesmo que tenham feito o seu percurso e construído o seu currículo a desacreditá-lo.
Enquanto os novos homens políticos de amanhã pensam na forma como vão acabar a selva financeira, com o despesismo central e local, com a corrupção e a fuga ao fisco, com a demora na Justiça, com alguns problemas na Saúde e na Educação e com a forma de a crise ser proporcionalmente paga por todos, vamos ter que aguentar estes “tecnocratas” que nos “arrastaram”para a situação em que nos encontramos, sempre a sacudir a água do capote e a lavar as mãos como Pilatos, como se quem se candidata aos lugares da Assembleia, do Governo ou das Autarquias não tenha que prestar contas aos eleitores, seja governo ou oposição.
Vamos ver o que nos vai dizer Passos Coelho no dia em que o OE 2011 for aprovado. (a comunicação ao Pais anda a ser preparada, há muito tempo, mas acho que vai dar raia.)
Aguardemos para ver o que vai fazer o Governo do PS com o Orçamento aprovado. Se for para continuarmos nesta angústia e incerteza permanentes, neste sufoco com as previsões a falhar, que venha o FMI. a FMIa, o BCE e a tia ! Quem sabe…, pode ser que eles se lembrem, também, dos ricos e daquelas muitas centenas de Institutos, Empresas Públicas, (a)Fundações e outros Organismos em que se abrigam os boys de todas as cores, com cartões, popós, motoristas e assessores… que, a fazer nada, são reis e senhores!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

REPÚBlá blá blá…

Sinto-me enjoado quando ouço os mais altos servidores da Nação (e os menos altos, também) falar dos princípios e valores Republicanos que há cem anos animaram um conjunto de homens , fartos de aturar as peripécias de um sistema que, por estar tão apodrecido, se desmoronou com alguma facilidade. (O que eles sabem de história!… mas seria bem melhor que em vez de nos brindarem com lições da dita e apelos aquilo que não temos, nos concedessem a graça de deixar de mexer no nosso bolso, quase vazio.)
Tal como tem vindo a acontecer nas últimas décadas, a apatia de um povo à míngua, nessa altura, foi perpetuando um regime que sistematicamente o desrespeitava e ignorava as suas legítimas aspirações, fazendo dele um autêntico burro de carga, ao serviço dos seus caprichos. Passados que são 100 anos, a apatia do Povo, adormecido com a “árvore das patacas da Europa”, (plantada e arrancada várias vezes com subsídio), continua a ser uma triste realidade, permitindo que uma classe política oportunista e incompetente (e seus afilhados) viva à grande, gaste o que lhe apetece, esbanje o que lhe der na gana e o obrigue a pagar a factura do seu “repasto”.
Ao convite nacional de participar nas comemorações o povo respondeu com quase total ausência, na maior parte dos sítios em que as bandas tocaram o hino e os “fanfarrões” se preparavam para “botar” discurso demorado. Que bom seria para a nossa Democracia que esta ausência tivesse sido consciente, mas mesmo que não o tenha sido, se os nossos políticos quiserem parar um pouquinho para pensar, já podem extrair desta ausência algumas conclusões. No caso de a ausência significar apatia, a situação é grave e deve merecer especial atenção.
É minha convicção que os senhores políticos da posição e da oposição que são responsáveis pela situação actual do nosso País, através das suas “sábias”(in)decisões, vão deixar de ser impunes. Aqueles que teimarem em considerar-nos atrasados mentais, vão ser confundidos com canhões quando o Povo começar a cantar o Hino!
E se isso acontecer, o novo 25 de Abril que já ouvi muitos defender, não vai certamente ser meigo… Enquanto é tempo, sejam sérios, assumam as vossas (ir)responsabilidades e (in)competências, agindo em conformidade. Há muita terra para cavar e muita gente que vê para lá do dinheiro, único Deus que, à percentagem, adorais e servis fielmente!

sábado, 9 de outubro de 2010

Cinco mil reis de cultura…

Sem qualquer intenção de ofender a nossa classe política, quero começar por dizer que considero que a mesma prima pela ausência de classe! Classe alicerçada no conhecimento, na cultura e não nos popós, fatos e gravatas caros, de marca, porque essa não lhes falta… enquanto formos nós a pagar!
A Arte da política é apanágio de quem é culto e não de quem tem na cabeça um deserto de ideias, que não lhes permite ver para lá da finança e dos números… Os políticos têm que ser capazes de governar em vez de se desculparem, dar-nos presente em vez de nos roubarem e preparar o futuro em vez de o hipotecarem. Têm que ser pessoas de grande capacidade e inteligência, acima da média do comum dos mortais.
E o que é que vemos â nossa volta? Observando, talvez encontremos as raízes da situação que vivemos! O que se está a passar no nosso País, na Europa e um pouco por todo o Mundo é pura e simplesmente vergonhoso! Não há justificação para que, nos dias de hoje, continue a haver tanta fome e tanta miséria. Fome e miséria são a marca da pobreza cultural dos nossos governantes.
Em Portugal, no presente momento somos governados por políticos de “viseira, muitos feitos nas JJ, à revelia do conhecimento e da cultura, substituídos por seguidismo e militância.
Admito que esteja enganado, mas Cavaco e Sócrates não são homens cultos. Para mim, cada um à sua maneira, são homens de “bobine”, que aprenderam a “contornar a verdade” e a distribuir sorrisos pela multidão… Considero-os tecnocratas de segunda água!
Gostava imenso de os ver juntos com indivíduos de reconhecida craveira intelectual e cultural a debater as grandes questões do mundo de hoje, sem recorrer a penas a números e a banalidades… Tenho a convicção que entrariam mudos e sairiam calados, porque o seu conhecimento, parece-me, é muito limitado fora da sua “especialidade” onde, mesmo assim, até agora, falharam redondamente, para prejuízo de quase todos nós. (com as excepções que, a conta-gotas, vamos conhecendo e ficando escandalizados…)
Obrigados que somos a apertar os cordões à bolsa, cinco mil reis de cultura geral é a minha receita para os nossos (futuros)governantes!
Não sei fazer a conversão de reis para euros. A única coisa que sei é que o euro duplicou o meu custo de vida, enquanto o meu salário se manteve quietinho!

domingo, 3 de outubro de 2010

(n)O último pacote…

Mesmo acreditando que a maioria dos portugueses não padece de “disfunção de género” tenho algumas dúvidas quanto à sua recusa de aceitar … (n)o pacote, a avaliar pela apatia com que recebem os sucessivos “pacotes de aperto de cinto”, que estruturalmente nada resolvem, (porque em nada mexem), apenas adiam a resolução dos problemas por algum tempo…
Este “assalto” que os nossos responsáveis políticos se preparam para nos fazer, incluindo aqueles que dizem que são contra (porque sabem que o seu voto nada conta), é vergonhoso, imoral e intelectualmente desonesto!
O “monstro”, criado por vós próprios em vosso benefício, serve para justificar o ataque a tudo o que é público, mas o prazo de validade desta mentira está a chegar ao fim. Não vai tardar muito para que os privados, trabalhadores por conta de outrem e mesmo os pequenos empregadores, não comecem a torcer a orelha, pelas palmas que agora batem à perda de regalias (que demoraram décadas a conquistar), dessa “cambada de preguiçosos que são os funcionários públicos”… (Qualquer “intelectual” privado afirma convictamente: estas medidas eram necessárias!)
Não está longe o dia em que os laboriosos empresários e muitos aprendizes desse “nobre engenho e arte” baterão à vossa porta, “convidando-vos “ a trabalhar mais e a ganhar menos, em nome das suas dificuldades pessoais (muitas vezes falsas) e dos superiores interesses do País em crise… Talvez, nessa altura já seja tarde demais para impedir o que quer que seja, mas pelo menos aproveitai para reflectir se a riqueza deve ou não ser fruto de manobras especulativas em jogos de bolsa e se a miséria deve ou não ser a “marca” de quem vive do seu salário, público ou privado. O “ciúme” que sentis dos funcionários públicos por terem (em alguns casos) melhores condições de trabalho, é a enxada com que estais a cavar a vossa própria sepultura… (Oh meu povo cabisbaixo, por que olhais só pra baixo? Subi ao planalto e olhai pró alto!)
É urgente deixarmos de prestar vassalagem a um qualquer engravatado bem falante que nos engana, e, quem é pobre, deixar de estar disponível para enganar quem é mais pobre que ele…
Não sei por quanto tempo vamos ter que viver a fingir que somos atrasados mentais e que consideramos normal o que se passa nas sociedades de hoje, mas uma coisa me parece certa: com os pobres cada vez mais e mais pobres e com os ricos cada vez mais ricos, isto vai lugar à revolta dos aflitos! Também estou certo que os carteiristas, em breve, passarão a gritar: quieto, isto é um pacote!