REGRESSOS
Por Celso Neto
Poder usufruir do sítio onde nascemos
Faz-nos regressar aos tempos de pequenos…
Passei a meninice numa quinta de aldeia
Muitas aventuras me vêm à ideia…
Pegar na sacola
Ir a pé para a Escola
Jogar ao pião, à bilharda e à bola!
(Educação e respeito pela professora
Nada parecido com agora!)
Caminhos de terra e carreiros que ainda sei de cor
Escolhidos entre o mais perto e o melhor…
Levavam-me a todos os lugarejos
À medida dos meus desejos
Sem pressas e sem perigos de maior
Explorava a Natureza em meu redor
Em paz e liberdade
Sonhava com a vida da cidade
Desafios misturados com medos
Eram a minha caixinha dos segredos
Com os seus cabelos já muitos cor de prata
A minha mãe dizia-me: Inda morres de morte macaca!
Vida farta e livre
Privilégio que sempre tive!
Sem castigos inapropriados
Apesar dos pais pouco letrados…
Alegria de viver
Vontade de aprender
Infância feliz
Vivida entre carris
Disciplina e rigor
Carinho e amor
Vontade de ser alguém
Respeito e obediência ao pai e à mãe
E à Família também
Sem pieguices nem mimos exagerados
Que nos “destemperam” os costados…
Dormia
Com uma velha tia
Que mal nos deitávamos me dizia:
Vamos rezar
Para Deus te ajudar!
Rezávamos… rezávamos… até que eu adormecia!
Era a sua canção de embalar!
A tia Belmira a quem presto homenagem
Pela sua abnegação e coragem!
Um brinquedo trazido da Feira Franca de Viseu
Era um tesouro caído do Céu!
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