A maldição
dos incêndios florestais
Muito se tem falado de incêndios florestais, neste ano da
graça de 2013, fértil em acidentes mortais.
Este flagelo que dizima a nossa desordenada e maltratada
floresta e que se agrava ano após ano, transformou-se numa maldição que nos
acompanha, uma “fatalidade” dos meses de verão, altura em que muitos
portugueses vão a banhos e ficam menos sensíveis (indiferentes) aos dramas que
se vivem no mundo rural.
Das múltiplas análises e debates que vi e ouvi, curiosamente,
não ouvi nenhuma que se referisse aos incêndios como uma indústria, um negócio
onde se cruzam e interligam altos interesses que enchem os bolsos de dinheiro a
uns quantos (poucos) e alimentam uma “máquina “ bem montada de médios e
pequenos” interesses” onde ainda existe inocência e voluntarismo, que foram
fatais para sete bombeiros, até agora.
Confesso que me causam náuseas os galões, medalhas, emblemas,
distintivos, condecorações, pines e outros pendericos que ornamentam as
fardamentas que os “chefões da especialidade” garbosamente ostentam, como
comprovativo da sua competência para o desempenho das nobre missão que algumas
vezes por divina graça, lhes foi atribuída…
Não seria mais fácil e prático que aqueles “valerosos”
usassem apenas roupas de cores diferentes e guardassem as vaidades para os dias
de festa? Para o chefe mor ficaria reservada a cor preta, símbolo do luto
permanente por aqueles que pagam com a vida a sua vontade de servir.
Porventura, já pensámos no que aconteceria se não houvesse
incêndios em Portugal? Fazemos ideia do que seria apostar na prevenção,
canalizando para ela metade dos recursos que o combate mobiliza, mais aqueles
que resultariam do aproveitamento do produto da limpeza das matas?
E quanto valeriam os ganhos ambientais?
O incêndio que consumiu uma vasta área florestal nos
concelhos de Sátão e limítrofes ajudou-me a compreender melhor como funciona a
indústria dos incêndios. Quando as coisas atingiram proporções dramáticas
incontroláveis, surgiram meios aéreos em grande abundância!
Hipocrisia qualificada!
Post Scriptum
Honra e glória aos Bombeiros que morreram e a todos os
que diariamente combatem os incêndios. Um abraço solidário de condolências às
famílias dos que partiram….
Aqui fica também o meu veemente repúdio à forma como os
sucessivos desgovernos encararam e encaram a problemática dos incêndios
florestais.
Sem comentários:
Enviar um comentário