EM CONTINÊNCIA PARA A VILA
Por Celso Neto
Decorridos quarenta e dois anos sobre o fim da guerra
colonial, o concelho de Sátão, através da iniciativa de alguns ex-combatentes e
do apoio da autarquia, decidiu honrar os satenses que morreram nela, construindo
num local de destaque da vila um Memorial, cujo autor não conheço, mas a quem
felicito. Os pormenores estéticos são, para mim, de somenos importância, porque
o ato criativo nunca pode (nem deve) agradar a todos.
Considero que a implantação deste Memorial foi um gesto
digno, de justiça, porque se é verdade que temos que respeitar aqueles que não
participaram na guerra colonial (uns por convicção, outros por medo, outros por
conforto) não é menos verdade que também temos que respeitar aqueles que nela participaram
e honrar a memória dos que morreram em combate. Duvido que a esmagadora maioria
fosse combater por vontade própria, mas acredito que muitos o tenham feito com
sentido pátrio.
Não quero alongar-me na análise desta questão, mas numa
altura em que ainda ouvimos dizer “a guerra estava ganha”, “a descolonização
foi uma vergonha”, “a culpa foi dos comunistas que entregaram aquilo aos turras”
etc., etc., etc. aquele Memorial inaugurado em 20 de Agosto deve, em minha
opinião, ser considerado um apelo à Paz e aos respeito que nos devem merecer
aqueles (e todos) os jovens que morreram a combater nas ex-colónias.
Despojado de armas e outros símbolos bélicos, aquele
militar a fazer continência, colocado em cima das lápides que correspondem aos
jovens mortos do concelho, deve ser um alerta para os horrores da guerra e
também a rejeição do recurso às armas como forma de resolução das divergências
que sempre surgem nas relações entre as pessoas e os países.
Estão de parabéns os mentores e os executores deste Memorial.
Há quem diga que o militar é muito alto… Por enquanto,
que eu saiba, ainda não há medidas standard para os Homens!
Talvez esteja a chamar à atenção para a nossa pequenez!
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