Coisas do
destino…
Por Celso Neto
Quando me ponha a “olhar” para o meu País, com o
sentimento de tristeza e revolta facilmente identificáveis naquilo que vou
escrevendo, já várias vezes tenho pensado no que teria acontecido se a D.
Teresa tivesse abortado na gravidez do filho, Afonso Henriques, de sua graça.
Sei que se tal tivesse acontecido, não teria, certamente,
permitido o destino que eu existisse e estivesse aqui, sendo esse para mim o
grande e único benefício do facto de aquele filho ingrato ter lutado contra a própria
mãe…
Durante os sessenta e três anos que levo de vida aprendi
a amar Portugal. Fui à guerra, chorei de alegria com o 25 de Abril, festejei e
combati pela Liberdade, envolvi-me politicamente e procurei ter uma
participação social civicamente ativa e interventiva, estudei, constituí
família, respeitei as Leis …. e de que me adiantou tudo isso, relativamente
aqueles que nada fizeram ou viveram à margem da Lei ou que, dando largas ao seu
egoísmo, apenas trabalharam em proveito próprio?
A classe política de novos ricos, muitos corruptos, que
tirou “cursos superiores de colar cartazes e dizer ámen” instalou-se no poder e
aos poucos matou o nosso SONHO e aniquilou a nossa Economia. Ficámos
praticamente impedidos de ter esperança!
Quando vejo a sumptuosidade monumental das cidades
espanholas que tenho visitado, a forma como o Estado Espanhol trata o Património
e a maneira como os Espanhóis enfrentam a crise financeira (provocada pela
Alemanha que lhes queria destruir a Economia, mas não consegue) confesso que
nutro simpatia por Espanha!
Constata-se que é um país que investiu muito dinheiro
proveniente das “descobertas”, contrariamente ao que fizeram os Portugueses
que, tal como fazem agora, dividiram a “massaroca” pelos amigalhaços e o Reino
ficou de tanga!
Quando olho para o miserabilismo de Portugal, o de agora
e o de outros tempos recuados, fico na dúvida se o Destino não devia ter feito
abortar a D. Teresa.
Talvez nessa altura não fosse tão difícil suportar o jugo
espanhol como é agora suportar o alemão…
Post Scriptum
… e até podia ser que o Destino me tivesse feito nascer e
viver noutro planeta, que é o que me apetece quando ouço o Passos, o Portas, o
Cavaco e uns quantos mais, que para além do Sócrates, não enumero.
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