Do trabalho ao lazer
Por Celso Neto
Por Celso Neto
Por este andar
Se o Coelho continuar
Ainda vamos ter que pagar
Para trabalhar...
Com a desvalorização do trabalho
E o aparecimento do Deus capital
As pessoas são uma carta fora do baralho
Mas há quem considere isso normal!
Se o Coelho continuar
Ainda vamos ter que pagar
Para trabalhar...
Com a desvalorização do trabalho
E o aparecimento do Deus capital
As pessoas são uma carta fora do baralho
Mas há quem considere isso normal!
Hoje vou contar-vos a história da Micas
Que sempre “ serviu” em casas ricas...
Que sempre “ serviu” em casas ricas...
Dizia ela em pose estudada:
Moro numa casa onde não falta nada!
Piscina coberta com água quente
Jardins paradisíacos em redor
Se vocês vissem aquela gente...
É do melhor!
Moro numa casa onde não falta nada!
Piscina coberta com água quente
Jardins paradisíacos em redor
Se vocês vissem aquela gente...
É do melhor!
Tenho cama e mesa, roupa lavada
Amplos salões, para limpar
Uma capela em talha dourada
Onde me deixam ir rezar!
“Lazereio” até alta madrugada
Até me esqueço que sou criada
Amplos salões, para limpar
Uma capela em talha dourada
Onde me deixam ir rezar!
“Lazereio” até alta madrugada
Até me esqueço que sou criada
Sirvo manjares a ilustres convidados
Que chegam de todos os lados
Sou especialista em boas maneiras
Passo a ferro manhãs inteiras
Ouço “recados” todo o dia
Mas com etiqueta e cortesia
Que chegam de todos os lados
Sou especialista em boas maneiras
Passo a ferro manhãs inteiras
Ouço “recados” todo o dia
Mas com etiqueta e cortesia
O sindicato “obriga-me” a receber por trabalhar
Mas eu penso que tenho que pagar...
O trabalho é o meu lazer
E era assim que devia ser...
Só pago cem euros mensais
Para ter isto tudo...e ainda mais!
A roupinha do corpo é-me ofertada
Fora de moda, mas pouco usada
Os “elogios” do meu patão
Valem pra cima de um dinheirão!
Viajo em carros de alta cilindrada
Tudo à borla, sem pagar nada!
Mas eu penso que tenho que pagar...
O trabalho é o meu lazer
E era assim que devia ser...
Só pago cem euros mensais
Para ter isto tudo...e ainda mais!
A roupinha do corpo é-me ofertada
Fora de moda, mas pouco usada
Os “elogios” do meu patão
Valem pra cima de um dinheirão!
Viajo em carros de alta cilindrada
Tudo à borla, sem pagar nada!
Quando sirvo os senhores à mesa
É uma beleza...
O cheirinho é tão bom
Que até o REDON (restos de ontem)
Que saboreio ao almoço e ao jantar
Me sabe a caviar...
É uma beleza...
O cheirinho é tão bom
Que até o REDON (restos de ontem)
Que saboreio ao almoço e ao jantar
Me sabe a caviar...
Quando, de madrugada, me deito
No meu leito
De pau santo
As noites são um encanto...
Quando faço xixi no penico
Sinto um prazer infinito!
No meu leito
De pau santo
As noites são um encanto...
Quando faço xixi no penico
Sinto um prazer infinito!
Toco piano e falo francês
Tudo graças ao senhor Marquês
E foi graças à senhora duquesa
Que eu aprendi a servir à mesa!
Quanto não custava este “diploma”
Mesmo com o acordo de Bolonha?
Tudo graças ao senhor Marquês
E foi graças à senhora duquesa
Que eu aprendi a servir à mesa!
Quanto não custava este “diploma”
Mesmo com o acordo de Bolonha?
É por isso que eu devo pagar
Para trabalhar!
Para trabalhar!
(Assim falava a velha “Mika” para uma ex-vendedora de krika, que por sua vez dizia assim...Trabalhar sempre foi prazer pra mim!)
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