NÃO ME AGITEM, QUE SOU VELHO…
Por Celso Neto
Não me roubem o sossego
Parem de me meter medo!
Segui o vosso caminho
Deixai-me ir devagarinho…
Refreai a vossa pressa
Antes que a Natureza impeça
Que a vossa grande ambição
Vos faça cair ao chão!
Neste beco sem saída
De inovação desmedida
Que nos torna analfabetos
Sem tempo para os nossos netos
Que não têm tempo dos pais…
Tanta pressa … é demais!
A vida é feita aos saltos
Alguns demasiado altos…
Num mundo aos solavancos
Que exclui tantos e tantos!
Perdemos a humanidade
Potenciámos a velocidade
Que quase ficou vertiginosa
E, por isso, é perigosa!
É tudo aqui e agora
Mas depressa, sem demora!
Parem um pouco para pensar
No mundo de pernas para o ar…
Não embarquem na loucura
De cavar a sepultura!